15 de fevereiro de 2012

A Semana 22 comemora 90 anos


A Semana 22, mais conhecida como Semana de Arte Moderna ocorreu a exatos 90 anos, entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, em São Paulo, no Teatro Municipal, uma época de grande turbulência política, social, cultural e econômica por todo o país.

Capa do Catálogo da Exposição, por Di Cavalcanti e Cartaz do último dia da Semana 22, de autor desconhecido
A Semana foi um encontro de artistas da época que estavam em busca de uma liberdade de expressão, idéias libertárias e nacionalistas, liberdade criadora, a busca da ruptura com o passado, experimentações, culminando no fim do Parnasianismo e início do Modernismo. Cada dia era dedicado a um tema: dia 13 foi pintura e escultura, dia 15 poesia e dia 17 literatura e música.
Alguns destaques da semana:
- o surgimento da poesia declamada, antes só escrita;
- a música por meio de concertos, antes só haviam cantores sem acompanhamento de orquestra sinfônica;
- a arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura, com desenhos arrojados e modernos.

Na época, a Semana de Arte não teve muita importância, a qual foi ganhando ao longo do tempo, pois os integrantes não possuíam um único ideário em comum, e sim vários, culminando posteriormente em diversos movimentos conhecidos, como o Movimento Antropofágico, o Movimento Pau-Brasil e mais adiante (na década de 70) o Tropicalismo e a Lira Paulista, que receberam influência do Modernismo da década de 20.

Participantes da Semana 22: 
pintura e desenho: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Zina Aita, Vicente do Rego Monteiro, Ferrignac (Inácio da Costa Ferreira), Yan de Almeida Prado, John Graz, Alberto Martins Ribeiro e Oswaldo Goeldi; (Tarsila do Amaral estava em Paris durante a semana, por isso não participou)
escultura: Víctor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg;
projetos de arquitetura: Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel;
literatura: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Plínio Salgado, Menotti Del Pichia, Sérgio Milliet, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Álvaro Moreira, Renato de Almeida e Ribeiro Couto;
música: Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernâni Braga e Frutuoso Viana.

Mário de Andrade (primeiro no alto a esquerda) e outros modernistas em 1922
Foto: A Imagem de Mário, Editora Alumbramento

A mulheres no Modernismo, da esquerda para a direita:
Pagu, Elsie Lessa, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Eugênia Álvaro Moreira
Foto: Acervo Dedoc- Nova Cultura
O momento mais tumultuado da semana foi quando Ronald de Carvalho declama o poema Os Sapos de Manuel Bandeira (que critica o Parnasianismo e seus adeptos), onde o público começa a fazer barulho a fim de atrapalhar a leitura. Neste mesmo dia, Menotti Del Pichia fez uma palestra sobre a arte estética, apresentando novos nomes de escritores e artistas, e nesse momento o público começa a vaiar e fazer barulhos como miar, relinchar, latir, formando uma imensa algazarra. Nos demais dias, tudo ocorreu com menos tumulto, somente quando, no último dia, Villa-Lobos entra de casaca com um sapato num pé e chinelo no outro, devido a um calo, mas o público interpretou como uma atitude futurista e atrevida, quase como um insulto... coisas de povo!

Algumas obras Modernistas:

Abaporu, Tarsila do Amaral, 1928
óleo sobre tela, 85 x 73cm, 

A estudante russa, Anita Malfatti, 1915
óleo sobre tela, 76 x 61cm

A mulher, Vicente do Rego Monteiro
Samba, Di Cavalcanti, 1925
óleo sobre tela, 177 x 154cm


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